A estreia do TEN ocorreu em maio de 1945, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com a peça O Imperador Jones, apresentado pela primeira vez com um ator negro, o próprio Abdias. Além de importante ponto de partida, a encenação se constituiu em verdadeiro fato histórico, já que o referido espaço não era frequentado por negros, nem como expectadores e muito menos como atores. No final da década de 40, Abdias funda e dirige o jornal Quilombo, que também se torna um órgão de divulgação do TEN.



 Atuando na política, no teatro e nas artes plásticas, ele segue com os seus projetos mas, com a deflagração do golpe militar de 1964, vê-se envolvido em vários inquéritos policiais e obrigado a deixar o país, exilando-se nos Estados Unidos. A viagem, que duraria apenas dois meses, resultou em uma estadia de 13 anos. Mas o exílio não o impediu de continuar os seus projetos. De certa forma foi até um fator positivo para que Abdias denunciasse para a comunidade externa a presença do racismo no Brasil. Aproveitou esta oportunidade para propagar as idéias pelo mundo afora, fazendo inúmeras conferências em universidades norte-americanas e africanas, principalmente na Universidade de Ilé-Ifé, na Nigéria; propagou também o seu discurso em países da América Central, como Jamaica e Costa Rica.






Após voltar do exílio, Abdias segue na carreira política, tornando-se um dos primeiros deputados federais a dedicar seu mandato à luta contra o racismo. Exerce inúmeras atividades e elabora propostas avançadas, entre elas a criação de programas voltados para a população afrodescendente, como as ações afirmativas, que possibilitassem à comunidade se inserir na sociedade de forma digna, inclusive como protagonistas, assumindo cargos e lideranças. Objetivos que Abdias levou até o final de sua vida, defendendo sempre a importância do negro na construção da riqueza cultural e intelectual no Brasil. Nessa linha, fez questão de explicitar os valores culturais de matriz africana, tão marcantes em suas obras, tanto literárias quanto nas artes plásticas. Se destacou entre os pensadores pan-africanistas do mundo e cujo trabalho político inaugurou um novo período de combate contra a discriminação e impulsionou a criação de políticas afirmativas para a construção de uma sociedade mais igualitária.




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Texto base para esse post pertence a Rafaela Pereira é graduanda da Faculdade de Letras da UFMG.

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